domingo, junho 03, 2007

filtros

De vez em quando, eu passo por uma fase em q acabo filtrando tudo de ruim q acontece...de modo q ver o jornal, se torna uma tortura à cada nova notícia ruim q eles dão, ou ver um mendigo dormindo na rua me deixa mal o dia todo, ou lembrar no meio do banho q a água do planeta tá acabando me faz desligar o chuveiro rapidamente me sentindo extremamente culpada...enfim, coisas do tipo.
Não é legal não, eu fico refletindo sobre os problemas do mundo todo e não me deixo ficar triste pelos meus, q ao meu ver, pelo menos nessa fase, são os mais idiotas do mundo.
Então, ontem estava eu acompanhado as consultas da minha professora de genética na comunidade carente q ela desenvolve o projeto, e à cada nova criança q entrava no consultório, eu ficava mais e mais triste...
Eles não tinham nada grave, mas eram crianças com aparência tãooo sofridas...mas ok, eu tava repetindo pra mim mesma: vc não pode ser assim...vc nunca vai ser uma boa profissional se não começar a racionalizar um pouco as coisas, se controla Joyce...e eu tava disfarçando bem até entrar aquele menino.
Nunca ví olhos tão tristes...
Era o aniversário de 11 anos dele, tava lá com a mãe pra ajudar a cuidar dos irmãos mais novos, e o tempo todo recebia olhares de reprovação dela, como se não tivesse feito nada direito, ele tinha uma assimetria facial, a mãe disse q os amigos caçoavam constantemente dele por causa disso...à essa altura eu já tava com muita dó, até q olho pro braço dele e percebo...o relógio não funciona. E foi esse simples detalhe idiota, q me forçou a ter o máximo de auto-controle q podia...eu não sei pq, mas o fato dele ter um relógio q não funcionava me fez entender na hora pq aquele menino de 11 anos aparentava ter 16, e o pq daqueles olhos tãooo tristes.
Quando ele tava quase saindo, eu disse:
- Feliz aniversário!
Ele me olhou como se fosse a primeira vez q ouvia aquilo no dia...deu um sorriso enorme como quem pensava:
- Alguém notou a minha presença aqui!

E não, eu não sou nem de longe defensora de fracos e oprimidos, não faço muita coisa pra ajudar alguém, ou pra melhorar a situação do mundo...mas aquele menino me comoveu como nunca, e eu queria muito ter falado pra ele q tudo vai dar certo, q ele ainda vai ser muito feliz...mas em vez disso, vim pra casa, e chorei.
Daqui a pouco a fase passa, sabe? Daqui a pouco...

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